“Ovário policístico, varicocele, trombofilia, perdas e muitas decepções… mas eu não queria desistir”

“Desde 2008 eu e meu marido já pensávamos em aumentar a família. Um ano se passou e nosso bebê não veio. Procurei um médico e fiz alguns exames, como a histerossalpingografia. Descobri, então, que tenho ovários policísticos e isso dificultaria um pouco para engravidar. O espermograma do meu marido também teve um resultado ruim e fomos orientados a procurar um urologista. Lá fomos nós. O diagnóstico foi varicocele e meu marido passou pela cirurgia, mas nada mudou.

Foi aí, que começamos a pesquisar sobre tratamentos de fertilidade. Conversei com algumas amigas que passaram pela mesma situação, pesquisei muito sobre o assunto e resolvi agendar com um especialista em Curitiba, pois moramos a 150 km de distância de lá. Eu queria muito tentar. Fizemos todos os exames solicitados e o médico nos indicou a inseminação artificial. No segundo semestre de 2011, fizemos três inseminações, todas sem sucesso. A cada Beta HCG, uma decepção. Nessa altura, o nosso psicológico já estava muito afetado, mas ainda assim não desistimos.

Depois de um tempo, partimos para a fertilização in vitro (FIV). Fiz a primeira, com os preparativos, medicamentos e tudo mais. Quando chegou o dia tão esperado do resultado do Beta HCG, enfim a notícia que tanto esperávamos: POSITIVO. Não me contive de tanta emoção e contamos aos quatro ventos. Já comecei a comprar até umas coisinhas.

Mas o primeiro ultrassom já não detectou batimento cardíaco. Meu mundo desabou. Acho que não consigo descrever o tamanho do meu sofrimento. Procurei psicóloga e tudo mais, porque nem havia pensado nessa possibilidade de perda, mas aconteceu. Tive que passar por curetagem e tudo.

Alguns meses depois, fizemos todo o processo da FIV novamente. E no dia do resultado, novamente positivo. Dessa vez, devido à experiência anterior, nem comentamos com ninguém. Aguardamos para fazer o ultrassom para dar a notícia. E, mais uma vez, no ultrassom, não foi detectado batimento cardíaco. Curetagem, sofrimento, dor… tudo de novo.

Desta vez, fui orientada por uma médica amiga a fazer uma investigação genética para saber qual o motivo dos abortos. Fui para uma especialista na área vascular, indicada por esta médica. Fiz muitos exames e quando vieram os resultados, descobri que tenho trombofilia (por parte de pai e mãe). No meu caso, com alguns cuidados especiais e medicamentos, poderia conseguir engravidar e ser mãe. Que alívio!

Partimos novamente para a FIV em abril de 2012. Desta vez foi mais simples: apenas uma transferência dos embriões que haviam ficado congeladinhos na clínica de fertilização. Desta vez, porém, eu teria que fazer uso de um medicamento injetável de uso diário na região abdominal e outro, via oral, durante toda a gravidez, se tudo desse certo. No dia do resultado do Beta HCG, fomos novamente surpreendidos pelo positivo. Ficamos ansiosos aguardando o dia do ultrassom, afinal, até então não havíamos passado desta fase! Então, o ultrassom revelou 2 bebezinhos com os coraçõezinhos batendo forte. Que emoção!

Começamos o pré-natal e, como minha gravidez era considerada de risco, precisei fazer mais exames que o usual. Com quase três meses de gravidez, fiz novo ultrassom. Mas só havia um coraçãozinho batendo. Meu mundo desabou. Só que ainda existia um serzinho dentro de mim precisando da minha força pra continuar. Como aconteceu no começo da gravidez, não foi necessário fazer nada: o próprio útero absorveria o feto sem vida.

Desde esse dia, consegui emprestado de uma amiga um monitor cardíaco fetal portátil, para escutar o coraçãozinho do meu Matheus todos os dias da gravidez, até a 37ª semana e 2 dias de gestação, quando ele veio ao mundo. E tudo isso que passamos ficou esquecido, dando vida a novos sentimentos.

Sempre quis ter mais de um filho, mas não gostaria de passar por tudo novamente, mesmo porque, com uma criança pequena, tudo se tornaria um pouco mais difícil. Mas não precisamos passar por outro tratamento. Na véspera do meu aniversário, em 2014, descobri que estava grávida naturalmente! Novamente, fiz uso de anticoagulantes injetável e oral, durante toda a gravidez. E a minha doce Isabela chegou em março de 2015.

Tudo o que passamos – os sofrimentos, medos e angústias – acabou quando ouvi o chorinho de meus filhos. E eu passaria por tudo, tudo, tudo novamente pra tê-los comigo. Nossa família está completa agora”.

 

Marcelle Camargo, 40 anos, mãe do Matheus, de 5 anos e da Isabela, de 3 anos.

 


4 thoughts on ““Ovário policístico, varicocele, trombofilia, perdas e muitas decepções… mas eu não queria desistir”

  1. Lucilane Nascimento Quirino de Oliveira Responder

    Boa tarde,
    Me sinto conversando com pessoas que de fato vão entender, angústia, esperança, dor…frustração, dor de novo…estou assim como vocês lutando para ser mãe, sonhando com cada sintoma, com cada sinal e cada fase…Hoje estou naqueles 14 dias que podem mudar sua vida ou não…faltam exatos 3 dias, mas hoje senti aquele sinal de uma cólica vindo por ai…como imaginam, meu chão já abriu, já entristeci…e estou esperando vir de fato minha menstruação para chorar e depois renovar as forças para continuar em busca do meu sonho, a série do Fantástico me ajudou muito e este site….desculpe-me Pri, mas acho que eu escrevi…de tanto que me vejo nas situações, obrigada por me fazer sentir que não estou sozinha e ter este espaço para desabafar tanto sofrimento.

    1. Pri Portugal Responder

      Lucilane, não precisa pedir desculpa de nada, menina! Seja bem-vinda ao Cadê. Desejo que se sinta acolhida por aqui. Entendo muito bem o que vc está sentindo e eu costumava fazer coisas que me alegravam e me davam razão para agradecer durante os dias da menstruação. Isso me ajudava a manter o ânimo lá em cima para recomeçar as tentativas. Vc já tem um diagnóstico? Bjinho, Pri

  2. Lucilane Responder

    Nossa! Que alegria saber que sou ouvida! Muito obrigada!
    Tenho ovários micropolicisticos aparente só isso, meu marido também fez exames e não constou nada! Parece que o problema maior esta em minha cabeça! Sonho direto com “minha gravidez “ meu “ bebê “ e o duro é acordar e ver que foi só mais um sonho! Mas estou na fase otimista, se de fato se até o fim do ano eu não engravidar vou em busca de ajuda médica com segunda, terceira e quantas opiniões forem necessárias! Mais uma vez obrigada ❤️

    1. Pri Portugal Responder

      Está certíssima. E não se culpe por querer muito ser mãe. Eu não acredito que seja esse o motivo, não se deixe convencer. O motivo, a meu ver, é sempre a falta de um diagnóstico preciso e um tratamento correto. Investigue tireoide, trombofilia, crossmatch e ouça quantas opiniões forem necessárias para se sentir segura. Força e amor pra vc. Bjinho, Pri

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *