Junho é o Mês Internacional da Conscientização pela Infertilidade e a gente, que sente ou já sentiu esse problema na pele sabe bem da importância sobre se falar cada vez mais disso. Sobre deixar o tabu, a vergonha e a culpa de lado. Sobre entender que não estamos sós porque, provavelmente, nossa vizinha passa pela mesma dor, mas prefere não tocar no assunto. É claro que eu respeito quem não quer falar sobre o que está passando – cada um vive seus lutos da maneira que pode. Mas esse post de hoje é para você enviar para seus amigos e familiares. Para, se tiver coragem, publicar no seu Facebook. Para imprimir e deixar na mesa dos seus colegas de trabalho.
Se você está lendo este texto e não está entre as pessoas que enfrentam a infertilidade, entenda como um recado carinhoso. E abra bem os olhos e o coração para esse pequeno manual que você vai ler agora.
É proibido
1. Dizer “É só relaxar que você engravida”. Isso faz o casal se sentir (ainda mais) culpado. Ele automaticamente pensa: então eu só não engravido porque não desencano? E a gente sabe que a história não é bem por aí. É só você trocar a infertilidade por qualquer outra doença que vai ver que essa frase não faz nenhum sentido.
2. Começar qualquer frase com “ah, mas pelo menos…”. Exemplos: “ah, mas pelo menos você tem um marido/emprego/grana/família legal” e “ah, mas pelo menos você nunca sofreu um aborto espontâneo” e mais uma lista de etecéteras. Em qualquer situação da vida, aliás, o “ah, mas pelo menos” representa falta de empatia e de entender o tamanho daquela dor.
3. Responder com qualquer clichê pra “se livrar” da situação: “Deus sabe a hora”, “Tudo no tempo de Deus”, “O que tem que ser vai ser”, “Não desista” etc. Ou você acha que a gente já não considerou essas hipóteses milhares de vezes?
Pode, mas com ressalvas
1. Indicar o médico de uma amiga que demorou para engravidar, mas conseguiu. A ressalva aqui é: procure entender o momento que o casal está vivendo. As pessoas que enfrentam a infertilidade têm altos e baixos e, se em um dia temos certeza que um novo médico ou exame resolveria nossa vida, em outro só queremos chorar e viver aquele luto antes de chacoalhar a poeira e dar a volta por cima.
2. Passar um tempo ignorando o problema. A ressalva aqui é: se o casal está contando outras histórias, falando de trabalho, música, comida, viagem… é porque ele não quer tocar no assunto. Agora, se surge o assunto família/filhos/casamento, provavelmente ele sentirá vontade de falar. Então apenas ofereça seus ouvidos e ombros. Às vezes a gente não fala porque acha que está incomodando e até constrangendo a pessoa que não sabe bem o que falar nessas horas. Saber que você está ali de coração aberto para o desabafo faz bem e traz a sensação de acolhimento. Faz um tempão que você não vê o casal e quer perguntar para demonstrar interesse e preocupação? Pergunte, mas já se adiante dizendo: “entendo se vocês não quiserem falar”.
Pode, deve e é lindo
1. Naturalmente perguntar a respeito e entender o que a pessoa está sentindo (de novo: muda de um dia e até de uma hora para a outra. Basta a menstruação vir, por exemplo…). Eu já quis ouvir um “que merda, mesmo, Pri” e já quis ouvir um “mas agora é hora de levantar a cabeça e seguir em frente”. As pessoas mais próximas (ô sorte que eu tenho!) sempre entendiam a hora de cada uma delas.
2. Contar uma história de alguém que você conhece que demorou para engravidar e teve seu final feliz. Isso sempre acalenta o coração de pessoas que enfrentam a infertilidade.
3. Enviar novas reportagens, pesquisas e artigos sobre infertilidade para o casal. Acredite, quem está nessa batalha há algum tempo adora se informar pelo assunto e, quem sabe, descobrir um tratamento ainda não explorado e que pode trazer aquela luz no fim do túnel.
4. Deixar a pessoa chorar e abraçar. Ou oferecer um chocolate, uma taça de vinho, uma paçoca… Na dúvida de como agir, veja a foto que abre esse post ?
Gabriela 8 de junho de 2018
Ótima matéria. Não sabia que no mês de Junho era comemorado o mês de conscientização, foi muito bom saber. Infelizmente estou passando por esse momento. Estou tentando há 9 meses e ainda não consegui engravidar. Passo por momentos de altos e baixos, não é fácil enfrentar o dia a dia, mas encontro forças com meu marido, amigos e Deus.
Pri Portugal 14 de junho de 2018
Sei como está se sentindo, Gabriela. Pela minha experiência, te diria para procurar diferentes especialistas depois de um ano de tentativas, explicando tua situação: urologista para o seu marido, endocrinologista para vc dois, especialista em fertilidade para investigar suas trompas, útero e ovários… e td isso vai te trazer um direcionamento que deve acalmar seu coração. Conte comigo para o que precisar. Bjinho
Gabriela 14 de junho de 2018
Oi Pri. Já estamos nesse processo, meu marido fez o exame e estamos esperando o resultado. Eu também já estou fazendo acompanhamento com vários especialistas. Nesse processo descobri que tenho hipotireoidismo e passei a tomar remédio. Já consegui controlar. Também comecei alguns tratamentos alternativos. Penso que são portas que estão sendo abertas, possibilidades de auroconhecimento também. Agradeço a ajuda Pri!
Beijos
Tais 15 de agosto de 2018
Boa noite Pro!
Tomei conhecimento do seu blog no Fantástico.
Tudo q vc relata é a realidade que vivemos no dia a dia. Chorar no banheiro, comentários inconvenientes, família q olha c pena como se vc fosse uma pessoa tirar a.
Adorei a explicação dos “8 milhões de brasileiros ” adorarei essa resposta.
Estou a um ano tentando, tive um cisto folicular que me arrasou. Troquei de GO Fiz todos exames e aparentemente os exames estão normais. Agora vamos iniciar o indutor para dar uma forcinha. Muito legal seu blog, parabéns.
Pri Portugal 17 de setembro de 2018
Muito obrigada, Taís, fico contente que tenha se identificado com o site. Será sempre bem-vinda. Na torcida por essa sua nova etapa! Bjinho, Pri