Se você leu na semana passada este post aqui sobre gravidez depois dos 45 anos, certamente ficou curiosa para a segunda parte de nossa entrevista exclusiva com a dra. Silvana, pois hoje vamos falar de congelamento de óvulos.
Esse post se dirige principalmente a você, que tem seus 30 anos e deseja um dia engravidar, mas ainda não acha que é o momento. Ou não encontrou a pessoa certa. Ou mesmo deseja esperar por alguma razão, como crescer na carreira ou curtir uma lua-de-mel prolongada com o maridão. Se você já passou dos 40 anos, aproveite este post para alertar sua irmã mais nova, suas primas e amigas que ainda estão na faixa dos 30. E nada de ficar triste porque acha que não dá mais tempo: os bancos de óvulos só existem graças ao congelamento – e a uma ação muito nobre de alguém.
Perguntamos para a dra. Silvana Chedid, ginecologista especialista em reprodução humana e diretora da Clínica Chedid Grieco de Medicina Reprodutiva, sobre o passo a passo para quem deseja investir no congelamento de óvulos e fizemos uma check list.
Congelamento de óvulos passo a passo
1. “A técnica preserva a fertilidade da mulher, pois os óvulos mantêm a qualidade do momento em que foram congelados, ou seja, o ideal é já começar a pensar nisso a partir dos 28 anos. Quanto mais jovem fizer, melhor”, explica a especialista.
2. Primeiro, a paciente passa por uma consulta médica e realiza exames de sangue que avaliam a reserva ovariana e a saúde hormonal dela. “São exames simples que os convênios costumam cobrir”, destaca a dra. Silvana.
3. Se estiver tudo bem, sua médica deve indicar medicamentos para induzir a ovulação: eles podem ser na forma de comprimidos ou pequenas injeções (com seringa parecida com as de insulina) na barriga. Isso porque o normal é que a gente produza um óvulo por ciclo e, para congelar, vale a pena ter mais.
4. “A paciente começa a tomar a medicação, já a partir do dia em que menstruar, por dez dias. Aí, vai à clínica a cada quatro ou cinco dias para fazer um ultrassom transvaginal, que vai monitorar o crescimento dos folículos nos ovários”, explica a médica.
5. Lá pelo 12º dia do ciclo, os folículos atingem o tamanho necessário para ter óvulos maduros.
6. Então, na própria clínica, a paciente recebe uma anestesia (a mesma que a gente toma para fazer endoscopia, sabe? Bem simples) e deita como se fosse realizar um exame ginecológico qualquer. Ali, com a paciente anestesiada, os óvulos são aspirados. Pronto, ela vai para casa no mesmo dia.
7. “Para garantir que essa mulher vai preservar sua fertilidade, precisamos de 20 a 30 óvulos. Tanto que, em mulheres com resposta ovariana mais baixa, pode ser necessário realizar três ou quatro ciclos de estimulação”, completa.
8. No mesmo dia, os óvulos são congelados.
9. A manutenção deles, depende de cada clínica. O comum é a cobrança de uma taxa anual. Na clínica da dra. Silvana, que fica em São Paulo, o valor é de R$900 (por ano).
E vale a pena? Eu, particularmente, nem sabia da possibilidade quando tinha 30 anos, mas olhando com minha experiência de hoje, me parece que vale. Vale para vencer a angústia do tic-tac que nosso relógio biológico parece gritar quando os 35 anos se aproximam. “O congelamento de óvulos é como uma poupança: a mulher vai usar se tiver necessidade. Ela pode tentar espontaneamente e se não conseguir, ir direto para a fertilização. Os óvulos jovens têm uma taxa de fertilização maior. Se engravidar aos 40, seus óvulos certamente serão piores que aos 30”, explica a dra. Silvana.
O bacana é que pouquíssimas mulheres têm contraindicação para congelar os óvulos, segundo a especialista. Só quem é alérgica à anestesia ou tem risco cirúrgico devido a cardiopatias ou ainda, em casos mais raros, quem não pode fazer a estimulação ovariana.
E o mais bonito disso tudo: a mulher que não utiliza todos os óvulos congelados e não deseja mais engravidar pode, ao invés de descartar os seus, doá-los para um banco. Basta ela assinar um documento. Assim, quem não teve a mesma oportunidade que ela pode utilizar seus óvulos jovens e sadios para engravidar também. Existem, é claro, alguns requisitos para a doadora: ela precisa ter congelado antes dos 35 anos e não pode ter doenças infecciosas e genéticas. Aí, é cadastrada em um banco – exatamente como acontece com os doadores de esperma.
Foto: Flickr/Elisa Self
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