“Casei em 2009 e, como queríamos engravidar logo, não utilizávamos nenhum método contraceptivo. Fomos deixando acontecer naturalmente durante quase três anos. Em 2012, procuramos um especialista, mas não tivemos um diagnóstico. Nossa situação foi classificada como infertilidade sem causa aparente.
Então, fizemos quase um ano de controle da ovulação, o que foi muito estressante. Eram medicamentos, exames frequentes, relações sexuais programadas… e depois vinha a espera por um resultado positivo e a frustração de ver que não tinha dado certo. O contexto todo era complicado. Talvez tenha sido ainda mais penoso porque ficamos muito tempo nesse esquema. Quando o profissional que nos acompanhava na época sugeriu que tentássemos por mais um ano, decidimos procurar outro especialista.
Era muito difícil lidar com minhas tentativas frustradas e ver minhas amigas engravidando. Eu acabei me afastando das pessoas, fugia de chás de bebê… Sorte que contava com a compreensão e apoio de meu marido e de uma amiga que estava passando pela mesma dificuldade. Também foi muito complicado lidar com os comentários e questionamentos dos conhecidos sobre quando eu iria engravidar. Principalmente quando eram direcionados ao meu marido, como se eu não fizesse parte do casal.
Para sair dessa, procurei um programa de terapia em grupo na clínica de fertilidade que comecei a frequentar. Participei dos encontros do grupo e também tive algumas sessões individuais de terapia com a psicóloga que o conduzia. Foi uma experiência positiva para mim. Além de conhecer outras mulheres e suas histórias, era um momento que eu tinha para prestar atenção em mim e em meu corpo, em um ambiente seguro e acolhedor.
No fim, passamos por três médicos especialistas em reprodução, sempre com o diagnóstico de infertilidade sem causa aparente. Quando chegamos ao último, estávamos decididos a ir pro tudo ou nada em uma FIV. Ele revisou os exames que já tínhamos realizado e sugeriu que eu fizesse a videolaparoscopia para investigar endometriose. Eu não tinha sintomas nem histórico clínico para isso, mas essa seria uma última conduta investigativa. Em março de 2014, acabei fazendo a videolaparoscopia. Eu tinha algumas aderências, mas em um grau bem leve. Por isso, depois do procedimento, já que não queríamos continuar no controle de ovulação, fizemos diretamente uma inseminação artificial. Nossa primeira tentativa já deu certo!
Quando tive o resultado positivo, vivi uma mistura de sentimentos. Claro que fiquei muito feliz, mas não queria criar expectativa. Além disso, me senti mal e culpada. Culpada por minha amiga que até hoje não engravidou e por todas aquelas mulheres que conheci, com histórias mais difíceis que a minha. E foi difícil lidar com isso também. Mas foi passando. Lembro que eu ainda deveria fazer ecografia para confirmar a viabilidade da gestação. Mas eu tinha uma certeza em meu coração que tudo ocorreria bem. E veio o Rodolfo. Quando ouvimos os batimentos do seu coraçãozinho pela primeira vez foi muito emocionante.
Depois disso, nós queríamos ter mais filhos. Então, quando o Rodolfo estava com um pouco mais de um ano de idade, por conta do diagnóstico de infertilidade sem causa aparente, procuramos o especialista para uma nova inseminação. Conversei também com uma profissional de terapias integrativas e ela me recomendou o uso de óleos essenciais que agem na fertilidade, além de florais. Eu usava um mix de óleos chamado Sinergia da Mulher, à base de gerânio e anis estrelado, fazendo fricção nas solas dos pés com duas gotinhas, por no mínimo três meses.
Para nossa surpresa, antes mesmo de retornarmos ao especialista eu já havia engravidado naturalmente. Porém, um dia, em uma ecografia, o coraçãozinho dele não estava mais batendo. Infelizmente, tive um aborto espontâneo. Vivenciar essa perda é uma dor imensa e muito solitária. É um luto não validado pela sociedade. Eu fiz um post sobre isso no Facebook e recebi mensagens de muitas amigas que tinham passado por isso e eu nem imaginava. Elas se sentiram compreendidas e acolhidas. Muitas sofrem sozinhas, caladas, e se sentem envergonhadas e culpadas. Ninguém quer falar nem ouvir sobre perda gestacional. Eu optei por esperar o tempo do meu corpo para processar a perda e pela expulsão natural do embrião. Era a minha forma de lidar com a dor. Não há um só dia em que eu não pense naquele bebê que não pude carregar nos braços.
Felizmente, pouco tempo depois da perda, já engravidei novamente, do Frederico. Agora, a nossa família ainda vai aumentar, mas será com a adoção. Já desejávamos adotar, mas eu queria muito vivenciar uma gestação e meu marido foi parceiro para realizarmos esse sonho. Sinto que agora, em gratidão à vida, é momento de retribuirmos oportunizando que uma criança tenha sua família, fazendo parte da nossa.
Para as meninas que estão hoje tentando engravidar e têm infertilidade sem causa aparente eu recomendaria buscar um grupo de apoio como o que eu frequentei. E também diria para fazerem alguma atividade prazerosa. Quando a gente tira o foco das tentativas, acaba se reconectando com o próprio corpo e isso só faz bem”.
Regiane de Oliveira, mãe do Rodolfo, de 2 anos e 5 meses, e do Frederico, de 43 dias
Talita 30 de novembro de 2017
Muito bacana e emocionante o seu relato.
Há 1 ano e meio, eu e meu esposo tentamos engravidar e também temos o diagnóstico de infertilidade sem causa aparente. Gostaria de saber como foi possível identificar a sua leve endometriose. Somente pelo procedimento cirúrgico ou você fez algum exame de imagem que indicou essas leves aderências?
Uma médica que consultei disse que se em 2 anos não engravidar poderia fazer a vídeo. No entanto, nos exames de imagem que fiz nunca apareceu nenhuma alteração. Portanto, fico insegura de passar por uma intervenção cirúrgica que pode ser desnecessária.
Atualmente, comecei a fazer um acompanhamento com a medicina chinesa. Fiz apenas 3 sessões, mas estou gostando muito. Acho que pode me auxiliar principalmente na ansiedade.
Muito obrigada.
Pri Portugal 2 de dezembro de 2017
oi, Talita, td bem? Foi somente na videolaparoscopia que a Re identificou mesmo. Entendo sua apreensão, eu mesma passei por isso e acabei optando por não fazer a video, por ora, mas meu médico indicou uma ressonância magnética com preparo intestinal, uma histeroscopia e um ultrassom também com preparo. Disse que já dá uma excelente noção e são procedimentos não invasivos. Peguei o último resultado essa semana e confirmou os outros dois: meu caso não é endmetriose mesmo… Espero ter te ajudado e que se sinta acolhida aqui no Cadê Meu Neném? Um beijinho, Pri
Pamela bueno 11 de fevereiro de 2019
Boa noite..
Gostaria de uma ajuda .. mais acho muitos casos..
Vc conhece alguém alguma clínica q faça transplante se ovário ou já ouviu fala..
Bem na vdd quero doar meu ovário para alguém compatível para poder ter filhos
Pri Portugal 11 de fevereiro de 2019
oi, Pamela, td bem? Confesso que nunca tinha lido. Dei uma busca e encontrei alguns artigos, mas preciso pesquisar mais e falar com alguns médicos. Agradeço sua ideia, é uma bela sugestão de pauta 🙂 Fique de olho que em breve escrevo a respeito. Bjinho, Pri