“Passei por vários especialistas, mas meu problema de infertilidade se resolveu no campo da imunidade. Duas vacinas depois, e eu estava grávida”

“Nós nos casamos em setembro de 2012, após quatro anos de namoro. Apenas seis meses depois resolvemos começar as tentativas, assim, como quem não quer nada e nunca cogitamos a infertilidade. A verdade é que eu tinha o desejo de ser mãe, mas sentia muito medo e não sabia se era a hora certa.

Eu já não tomava pílula havia uns três anos, então era só parar de evitar ter relação nos dias férteis, mas vinha tendo episódios repetidos de candidíase logo após a menstruação. Lembro que consultei meu ginecologista na época, e ele só pediu alguns exames normais de sangue e me orientou a tomar umas vacinas.

Depois de quatro meses tentando naturalmente, me veio um sentimento que algo estava errado. Mas pensei que podia ser minha ansiedade. Então, meu médico sugeriu fazermos o coito programado. Foi a pior coisa que eu podia ter feito: as ultrassonografias constantes aumentavam a ansiedade e o sexo começava a se tornar mecânico.

Isso interferiu no nosso casamento: às vezes, os dias férteis caíam em semanas em que ele chegava em casa cansado. Eu me sentia pressionada e quando a gente não conseguia transar, ficávamos mal-humorados, nos sentindo péssimos.

Um pouco antes de completar um ano de tentativas, comecei a procurar especialistas em reprodução, que nos viraram do avesso. Vários exames depois e tudo estava perfeito conosco. O único detalhe é que minha menstruação durava de oito a dez dias, e ninguém descobria o porquê. Até que encontrei um médico que me diagnosticou com um pólipo no útero. Ele disse que não justificava o fato de eu não ter engravidado, mas achou melhor removê-lo em cirurgia.

Coincidentemente ou não, depois disso minha menstruação voltou ao normal, com duração menor e sem candidíase. Voltamos aos coitos programados com esse outro médico. E nada. Mudamos de clínica, fizemos indução da minha ovulação, mais coitos e até uma inseminação. Negativo, de novo.

Partimos para a fertilização in vitro: eram várias injeções e eu engordei seis quilos. ‘Mas vai valer a pena’, pensei, quando vi que tinha dois embriões lindos! O dia do exame de sangue (para saber se eu tinha engravidado) foi o pior dia da minha vida. Perdi toda esperança nos tratamentos, embora os médicos dissessem que era normal e eu deveria tentar novamente. Não quis mais.

Não entrava na minha cabeça que não houvesse nada. Tinha que existir algo, alguma razão para a infertilidade, mas os médicos não conseguiam achar! Até que comecei a ler sobre trombofilia, depois que uma amiga perdeu o bebê dela com seis meses de gestação. Pensei: se ela que é médica não sabia qual era o problema depois de três perdas, imagine eu! Ao mesmo tempo, meu marido ficou sabendo de um amigo que tinha feito um tratamento mais ou menos assim: a partir do sangue dele, era feita uma vacina para aplicar na esposa. E eles tinham engravidado naturalmente, depois de anos de tentativas.

Eu não estava muito confiante, mas segui este tratamento pelo meu marido. Fomos ao médico do amigo dele, que nos abriu um novo leque, falando sobre a parte imunológica que nunca tínhamos considerado e que é pouco estudada pelos médicos, mas é fundamental.

Fizemos um exame chamado crossmatch, que avalia a compatibilidade entre o meu material genético  e o do meu marido. O resultado não sei explicar bem, mas era como se meu corpo atacasse o embrião. E para resolver essa questão, precisaríamos recorrer às mesmas vacinas dos nossos amigos. Mas elas tinham acabado de ser proibidas pela Anvisa, que alegava não haver comprovações de sucesso neste tratamento.

Meu médico conseguiu na Justiça uma autorização para fazê-las. Ele enviava o sangue para São Paulo e a vacina voltava para Curitiba. Teoricamente, eu precisaria tomar três doses e repetir o crossmatch para depois tentar engravidar. Mas já na segunda vacina descobri que estava grávida. Neste mesmo especialista, descobri uma alteração genética que também poderia desencadear uma trombofilia*. Então, assim que engravidei, passei a tomar injeções de anticoagulantes, até 45 dias depois do parto.

Paralelamente, quando estava começando com as vacinas, eu resolvi fazer um tratamento espiritual uma vez por semana. Fui sete vezes e era sempre um médium diferente que me atendia. Cheguei a pensar que eles não tinham controle desta equipe e que precisaria ir lá eternamente. Mas um dia me falaram: ‘Não precisa mais vir. Volte só se quiser’. Acredite se puder, mas na semana seguinte descobri que estava grávida. Hoje, mais do que nunca, acredito que a ciência e a fé andam juntas”.

 

Carolina, 37 anos, mãe da Marina, de 1 mês

 

 

*Nota da editora: a trombofilia é uma condição de algumas mulheres, muitas vezes hereditária, de ter suas veias “entupidas” durante a gestação. Pode até causar abortos repetidos.


10 thoughts on ““Passei por vários especialistas, mas meu problema de infertilidade se resolveu no campo da imunidade. Duas vacinas depois, e eu estava grávida”

  1. Jana Responder

    Pri, estou passando pela mesma situação.
    Você tem a cópia da decisão judicial que autoriza seu médico a aplicar as vacinas?
    Obrigada

    1. Pri Portugal Responder

      oi, Jana, não fui eu quem tomou a vacina, foi a Carol, e quando ela tomou não era proibido. Eu apliquei Intralipid por recomendação do meu médico. Primeiro fiz o tratamento completo, de 3 doses, e depois apliquei mais uma antes da transferência do embrião. E também funcionou 🙂

  2. Janaina Responder

    Então você fez as 3 doses de intralipid antes de transferir o embrião? Eu fiz só uma aplicação mas não deu certo.

    1. Pri Portugal Responder

      oi, Janaina, td bem? A Carol fez duas – na época dela ainda podia-se tomar a vacina, que depois foi proibida – mas eu fiz três enquanto tentava naturalmente e ainda mais uma antes de transferir o embrião, na FIV. E deu certo 🙂 Bjinho, Pri

  3. patricia Responder

    Olá, estou precisando desse imunologista, você poderia me indicar? Obrigada!!!

    1. Pri Portugal Responder

      oi, Patricia, a Carol mora em Curitiba e sei que ela foi ao dr Francisco Furtado, da clínica Fertway. De qq forma, dá uma olhadinha em um post dessa semana, em que eu conto que a vacina está proibida, mas existe outro caminho para quem tem incompatibilidade engravidar. Bjinho

  4. Gui Responder

    Estou passando pela mesma situação, comecei esse mês com o intralipid, história igual…. até o ano do casamento 2012.

    1. Pri Portugal Responder

      <3 vai dar tudo certo. Bjinho

  5. Flavia Responder

    Queria muito saber onde a Carol fez o tratamento espiritual, sou de Curitiba tbem e queria fazer

    1. Pri Portugal Responder

      Oi, Flavia, a Carol me contou que foi no CEPEC, no Bairro Alto ?

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