39 anos. Essa é a idade que completo hoje. Com os 40 batendo à minha porta, a idade que tanto temi porque, na teoria, faz despencarem as chances de engravidarmos, é claro que eu comemoro a alegria de ter passado o dia com o meu filhotinho – cada dia mais saudável, fofinho, risonho, conversador e comilão – mas também penso sobre o futuro.
A resposta negativa que a maioria das mães recentes que não dormem uma noite toda há pelo menos um ano tem na ponta da língua para a pergunta “e aí? Vai querer outro?” não me pertence. Eu quero, sim. Mas novamente não faço ideia se ele virá. Uma amiga, certa vez, me disse: “sério? Você passaria novamente por todo o processo de uma fertilização in vitro?” E eu respondi: “na verdade eu quero mesmo é engravidar sem precisar passar por isso”.
Verdade. Pura verdade. Eu quero outr@ filh@, sim, mas sempre me pergunto o que aguentaria enfrentar para ter isso. Várias leitoras do site têm dificuldade de engravidar justamente do segundo filho. Uma delas, que acabou virando amiga, me disse que não sabia mais como explicar para o primogênito por que o irmãozinho não vinha. Misterioso e inexplicável como todas as grandes questões relacionadas à vida.
Quem está naquele impasse de não saber se quer ter filhos me acha doida de querer já mais um. Quem teve um puerpério difícil (quem não, aliás?) não pode se imaginar passando pelo combo gestação + amamentação + noites sem dormir tão cedo novamente. E aí vêm as histórias de que fulana demorou anos para engravidar do primeiro, mas teve o segundo rapidinho. Ou a gente lembra daquela conhecida que estava grávida na festa de um ano do primeiro filho (do qual tinha engravidado com muita dificuldade). Essas situações te lembram de algo? Pois é. Percebi que o fantasma da infertilidade estava ali, varrido para debaixo do tapete.
Para dizer a verdade, mal comecei a tentar novamente, mas é claro que sinto medo de voltarem à tona aqueles sentimentos de culpa, incompetência, falta de controle, desesperança e solidão que já senti por tanto tempo. Uma vez que a gente tenha passado por uma ferida profunda, ela está sempre ali à espreita para voltar a latejar. Tento retomar a lembrança de que há o imponderável da vida, ou seja, uma força que não podemos controlar, só podemos “dar uma forcinha” fazendo nossa parte. E aí, como já falei aqui, a pergunta de um milhão de dólares é: como saber quando parar?
Eu não sei. Só sei que me sobram motivos para agradecer – a verdade é que, graças à deusa, antes mesmo de engravidar já me sobravam, mas às vezes eu custava a lembrar. E só por hoje eu quero pensar apenas nisso. Que estou comemorando os temidos 39 sem medo dos estilhaços de uma bomba-relógio prestes a explodir assim que eu assoprasse as velinhas.
Wendy 21 de outubro de 2019
Não tenho certeza se você me vai a entender, mas eu entendo o que você disse. Na minha luta para ter filhos, já tive duas perdas espontâneas com 10 e 11 semanas respectivamente, um bebê que nasceu prematuro com 28 semanas e viveu apenas 26 dias e uma linda filha que hoje tem 4 anos e que, continuamente, me pergunta por que ela não tem um irmão mais velho ou mais novo .. Só sei que dia após dia luto contra os medos e inseguranças que a vida me deixou, e acho que, se valeria a pena voltar àqueles momentos desconfortáveis, porém bonitos, da gravidez e à insônia pós-parto, tudo por voltar a sentir aqueles olhares indescritíveis e esse puro amor. Vou completar 38 anos no próximo mês de dezembro, acho que primeiro Deus e eu vou puder ter outro bebê e dar a minha filha aquele irmãozinho ou irmãzinha tão desejado, e para mim, esse sonho se tornará realidade
Pri Portugal 6 de novembro de 2019
Eu sinto muito por todo esse sofrimento, Wendy. Os médicos conseguiram investigar as causas das suas perdas? Vc já procurou saber se por acaso tem trombofilia? É uma causa bem comum de perdas espontâneas… vale a pena verificar isso antes de partir para novas tentativas. Estou na torcida por vc e conte com meu apoio. Bjinho.