“Sempre tive o desejo de ser mãe. Durante a infância, as bonecas eram a minha brincadeira preferida. Ajudava todos a cuidarem de seus filhos: familiares, estranhos e amigos. Quando resolvemos ter filhos em outubro de 2011, já sabíamos que eu tinha endometriose e que com isso existia possibilidade de demora para engravidar. A endometriose já estava tratada, mas sempre se apresenta como uma dificuldade.
Em dezembro, a menstruação veio meio estranha: parecia uma borra de café, veio bem pouco e por poucos dias, mas tudo bem. Quinze dias depois, em janeiro de 2012, veio mais um pouco de menstruação estranha. Fui ao médico e descobri que estava grávida. Fiquei abismada! Em meu primeiro ciclo já havia engravidado! Mas a alegria não durou muito. Devido aos sangramentos, a médica pediu repouso e ecografia. Quando fui fazer o exame, descobrimos que eu estava com uma gravidez nas trompas. Fiquei em choque. A médica que realizou o exame me perguntou algumas vezes se eu estava entendendo, pois fique paralisada com a notícia. Com isso, fiz a retirada de uma das trompas e fiquei com uma só. Some-se a isso a endometriose e pronto: veio todo o receio de não conseguir engravidar.
Fiquei muito chateada. Me perguntava: por que comigo? Por que já na primeira tentativa? Fiquei arrasada. Nesse período, me encontrava em férias do trabalho, e ainda tinha 18 dias de descanso pela frente. Mas meu estado emocional estava tão fragilizado que peguei mais 10 dias de atestado médico.
Minha médica sempre me incentivou e disse que era para entregar na mão de Deus que nada era impossível. Ainda me contou uma história de outra paciente dela, que havia tido gravidez na trompa esquerda e, passado um tempo, um problema com o ovário direito. Dificilmente ela iria engravidar naturalmente. Mas depois de alguns meses, a paciente retornou ao consultório e estava grávida. Minha médica disse que depois disso nunca mais falou que seria difícil engravidar para nenhuma paciente. Essa história me deu força e fé para acreditar. O que me fortaleceu foi minha religião. Me entreguei a isso. Ia semanalmente à novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e deixei Deus e Nossa Senhora cuidarem dessa dificuldade.
Quando voltei a trabalhar, decidi ingressar em uma atividade física, pois estava sedentária, triste e chateada. Comecei a fazer ginástica, que envolvia alongamento, dança aeróbica e fortalecimento muscular. Foi a melhor coisa que eu fiz: isso também contribuiu para o meu bem-estar geral. Eu trabalhava das 8 às 17 horas, em um local bem distante da minha casa, mas fazia exercícios de manhã cedo, pertinho do meu trabalho. Busquei outras atividades que distraíssem minha mente, após o expediente e, como sempre gostei muito de ler, comprei e peguei emprestado vários romances, coisas leves e divertidas.
Passou o tempo necessário para o descanso do organismo e em junho de 2012 já reiniciei as tentativas. Eu sabia que seria difícil, ainda mais com a endometriose, mas meu trabalho era em período integral e isso absorvia bastante tempo. Aí, fui pesquisando na internet e descobri uma planilha de controle do dia fértil: era só colocar o primeiro dia da menstruação e ela apresentava períodos férteis e afins. Além disso, encontrei informações sobre o método Billings*, em que a gente observa as diferentes texturas da secreção vaginal.
A cada mês que passava, eu ia me conscientizando sobre o caminho da adoção ou de não ter filhos. E em dezembro de 2012, um pouco antes de completar 1 ano da situação ocorrida descobri que estava grávida.
Em agosto de 2013, um dia antes do meu aniversário, meu filho nasceu. Para mim ficou claro que temos sempre que acreditar e entregar na mão de Deus, que sabe de todas as coisas.
Hoje percebo que, assim como aconteceu comigo e com outras mulheres da minha família que tiveram dificuldade de engravidar, a saúde emocional é fundamental. Como psicóloga, eu tenho certeza disso. Observo que a ansiedade e outros fatores emocionais atrapalham e atrasam a realização desse sonho.
Então, vale buscar o bem-estar para a família e a mulher que deseja engravidar. Procure qualquer atividade que traga outras possibilidades de pensamento e distração”.
Marina, 34 anos, é mãe do Pedro, de 3 anos
Daniela Silva 17 de julho de 2017
isso é uma coisa que não consigo aceitar e me deixa com raiva, acreditar que deixar nas mãos de Deus, vai acontecer, que é tão simples assim. Quantas mulheres querem engravidar, possuem bastante fé e não acontece nada? Que Deus é esse? Isso me dói e machuca quando esculto, parece que sou uma pessoa descrente de Deus, ou pouca fé, ou uma pessoa ruim, vista com maus olhos por Deus e por isso não consigo ser mãe. é frustrante escultar isso e tantos outros argumentos.
Pri Portugal 17 de julho de 2017
Já questionei muito minha fé em todo esse processo também, Daniela. Comecei a buscar formas de me sentir bem por mim mesma – ouvindo músicas e lendo livros que me faziam bem, por exemplo. Hoje, estou recuperando minha espiritualidade, mas é um caminho difícil. Te entendo perfeitamente.