“Meu marido tem azoospermia e mesmo depois de 11 anos tentando engravidar, ainda vejo meu futuro com filhos”

“Eu passei a querer ser mãe depois que casei. Até então, eu tinha outros planos para minha vida que não incluíam filhos. Quando começamos a tentar engravidar, eu e meu marido tínhamos 24 anos. Foram dois anos de tentativas até que meu marido descobriu não só a azoospermia, mas também toda uma série de complicações. Ele teve tudo isso devido a problemas resultantes da falta de oxigênio no cérebro no nascimento. Eu fiz uma bateria de exames, mas não tinha nada.

Resolvemos partir para a Fertilização in Vitro, em Curitiba, com a filha de um médico famoso na área. Era uma solução para a azoospermia. Morávamos em Umuarama e acabei me arrependendo porque estar longe de casa tornou tudo mais difícil e caro. Além disso, hoje meu marido paga parcelas de uma médica que nós não queríamos, pois fomos atrás do pai e, chegando lá, fomos encaminhada para a filha.

Nessa FIV engravidei, mas descobri que, além da azoospermia do meu marido, eu também não funciono tããão bem quanto pensava. Dentro do meu corpo, o embrião não se desenvolveu como deveria. Não segurei a gravidez. Durou semanas a realização do meu sonho.

Quando perdi meu bebê, eu não podia nem queria ficar prostrada num luto interminável, pois sabia que a vida continuava. Chorei muito, mas coloquei isso na minha mente. Então, entrei para o grupo de louvor da minha igreja.

Hoje, ajudo minhas amigas no que posso e tento ser útil para as outras pessoas. Isso me ajuda a me manter forte. Preciso estar sempre envolvida em alguma atividade, aí não tenho tempo de pensar no que não tenho e gostaria de ter.

Claro que volta e meia tudo isso vem à tona, mas eu me dou o direito de desabar e sofrer meu luto. Só que, depois disso, me levanto e enxugo as lágrimas. Lembro que a vida das pessoas não para pelas minhas mazelas e volto a viver, trabalhar, ir pra minha igreja e estar com quem gosta da minha companhia. Evito situações e eventos como dia das mães e chás de bebê. Aprendi que eu venho em primeiro lugar.

O conselho que dou para as minhas amigas, que, em sua maioria, são mais jovens que eu, é que a vida não facilita pra gente. Nós é que temos que ser mais fortes, estar com quem nos faz bem e com quem nos ama. Precisamos eliminar pessoas e coisas que nos coloquem pra baixo, porque de dura e difícil basta a vida.

Eu e meu marido já consideramos adotar, às vezes ainda falamos disso, mas nos decepcionamos com a burocracia. As estatísticas indicam que o número de pais adotantes é maior que o número de crianças disponíveis, então acabamos deixando isso para depois.

Mas a verdade é que, mesmo depois de 11 anos tentando engravidar, ainda vejo meu futuro com filhos. No plural. Sim, porque não quero só um. Então, assim que for possível financeiramente, pretendemos tentar novamente outra fertilização”.

 

Andréa Bercelini de Araujo da Silva, 35 anos

 


4 thoughts on ““Meu marido tem azoospermia e mesmo depois de 11 anos tentando engravidar, ainda vejo meu futuro com filhos”

  1. Carol Responder

    Muito lindo a história, vale a pena continuar lutando.
    Quanto a adoção, vi uma reportagem que diz o contrário. O que você disse é verdade para casais que querem um Bb saudável e só 1. Se você aceitar crianças maiores e de 2 a mais você tem possibilidade de adotar mais rápido. Creio que Deus vai abençoar vcs

    1. Pri Portugal Responder

      Obrigada pela sua participação, Carol, e bem-vinda ao Cadê Meu Neném? <3

  2. Gisele Licinio Machado Responder

    Oi qual o nome desse médico em Curitiba?

    1. Pri Portugal Responder

      Querida, vou aprovar seu comentário aqui na torcida para a Andrea te responder. Bjinho, Pri Portugal (criadora do site)

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