“Eu sou apaixonada por criança e sempre quis ser mãe. Nunca tive nenhum problema físico – eu me virei do avesso de tanto exame – mas os homens que eu encontrei não podiam me dar filhos.
Casei pela primeira vez aos 27 anos e ele já tinha três crianças, de quem eu sempre cuidei: um tinha 2 anos, o outro 5 e terceiro, 9. Um deles tinha paralisia cerebral. Aí, foi passando o tempo e quando cheguei perto dos 40 anos, comecei a tentar com todas as minhas forças. Fiz vários exames, mas o problema não era eu. Era ele. Descobrimos que ele não tinha mais espermatozoides e estava com um câncer supergrave. Ele morreu em seis meses.
Depois, passei um tempão solteira e conheci outras pessoas que não valiam a pena. Mas aos 50 e poucos anos reencontrei meu namoradinho de infância (minha primeira paixão!) e casei com ele. Só que aí quem não podia mais ter filhos era eu, porque já estava na menopausa.
Minha médica até sugeriu pegar um óvulo de doadora, mas achei que era tarde demais para colocar uma criança no mundo. Resolvi que não queria. Mesmo assim, quando me dei conta de que não poderia mais engravidar, aos 53 anos, já na menopausa, acabei tendo um HPV de alto grau, que nada mais é que um câncer de colo de útero. Na recuperação da cirurgia do HPV, não deveria ter tido grandes sangramentos, segundo minha médica, mas me lembro de jorrar sangue. Era como se o meu útero estivesse chorando este fim.
Eu cuidei de muitas crianças: sobrinhos, filhos de amigos… só de afilhados tenho 19. Mas minha questão era ter a barriga e amamentar. Era esse meu maior anseio de ser mãe, então adotar não supriria. O importante é saber por que você quer ser mãe e respeitar isso. Eu não podia ser desonesta comigo.
Lembro que, quando ainda era casada com meu primeiro marido, eu estava tão desesperada, que uma cigana foi lá em casa pedir ajuda, com duas menininhas. Eu dei dinheiro, roupa, comida e falei: ‘deve ser difícil pra você. Me dá elas que eu crio?’. Ela me respondeu: ‘dona, filho não se dá. E então, levantou e não levou nada do que eu dei’. Hoje tenho vergonha disso e nunca faria de novo, mas eu fiz.
Já conversei muito com meu marido a respeito: tenho saudade de um passado que eu não tive com ele. Quando nos reencontramos, eu contei que queria ter oito filhos. Como me restava sonhar, eu inventava essas crianças: tinha duas gêmeas e dois gêmeos, por exemplo. Imagino cada um deles, como são os cabelos, os olhos… tenho até um nome para cada.
Uma das conversas mais decisivas que a gente teve, quando realmente batemos o martelo de que não tentaríamos engravidar, ele me mandou oito rosas, cada uma com uma etiqueta que trazia o nome dos filhos que a gente queria ter. Até hoje, em datas especiais, ele só me dá oito rosas. Nem mais, nem menos.
Dói? Dói. É chato? É. Mas você acha um jeito de conviver com a dor. A nossa própria história enche o nosso coração. É muito pior passar pela vida sem ter história para contar. O fato de não ter tido a barriga é como uma cicatriz: você olha a marca dela e entende o que ela significa. A gente precisa respeitar a vida como ela é e preenchê-la.
Fui aprendendo a respeitar o destino. E ele não é ruim. Eu sou muito feliz com minha carreira, meu marido e minha vida. O bom é que isso tudo passa e seu útero serve para gerar e criar outras coisas, outros ‘filhos’, outros projetos. Saí rica disso tudo”.
Darcy, 55 anos
Maria celia 26 de agosto de 2018
Eu gostaria de ser mãe mim ajude pela amor de Deus meu contato 82981160660
Pri Portugal 17 de setembro de 2018
oi, Maria, estamos aqui no site unidas e torcendo umas pelas outras. O que eu te recomendo é ler as reportagens do Ne-news aqui no site para chegar no seu médico empoderada e bem informada e poder lutar pelo seu diagnóstico. Força e boa sorte! Bjinho, Pri
Danielle Corrêa 7 de junho de 2019
Adorei a dica, Pri! Que texto, que depoimento…