Querido médico, eu passei um tempo bem chateada com a figura que você representa. Saí chorando de alguns consultórios, não recebi o amparo que precisava, alguns profissionais não deram as notícias com o cuidado que eu gostaria. Outros não retornaram uma ligação no momento de maior desespero: quando após uma fertilização in vitro em que aparentemente tudo correra bem, eu recebi um dolorido NEGATIVO no exame beta HCG. Mas como? Todo aquele esforço, aquelas injeções, aquele inchaço, aquela ansiedade, aquelas noites mal dormidas não tinham dado em nada? Como se eu não tinha diagnóstico e parecia que eu ficaria grávida de gêmeos em um estalar de dedos?
Passei um tempo acreditando cegamente no que você dizia, querido médico, mesmo que isso significasse calar meus instintos, não ouvir minha intuição, não prestar atenção no meu corpo. Afinal, você era a autoridade máxima, com anos de estudo e diversos diplomas na parede. Até que entendi que, sim, você estuda muito, mas não tem como ter todas as respostas, afinal, a medicina não é uma ciência exata e nossos corpos reagem de maneiras diferentes aos exames e tratamentos.
Depois dessa época, doutor, veio outra, em que eu checava na internet todas as informações que recebia em consultórios, porque até o Yahoo Respostas parecia ter mais soluções para as minhas angústias que você. Desconfiei. Me revoltei. Passei a pensar que todos os médicos eram assim e os de reprodução assistida, eram piores: só queriam o meu dinheiro sem se preocupar com a minha saúde.
Eu tinha chegado ao outro extremo do pêndulo, sabe como é? Primeiro acreditava em tudo e me anulava, depois desconfiava de qualquer resposta e perdi a fé em você, querido médico. Não porque você fosse mau, mas porque muitas vezes pecou pela falta de sensibilidade ao transmitir uma informação ou pela ausência de acolhimento à minha imensa dor de não poder engravidar.
Demorei um tempo para encontrar o equilíbrio. Para perceber que por mais que você estude não tem como, realmente, ter todas as respostas ou previsões para a minha saúde. Que eu sou protagonista dela e quanto mais informações eu conseguir te passar sobre como meu corpo reage a exames e medicamentos, mais ferramentas te dou para saber como conduzir meu tratamento. Percebi, querido médico, que também é frustrante para você saber que um tratamento não deu certo. E que existem protocolos que você precisa seguir – embora nem sempre concorde de coração com eles.
Já teimei dizendo que eu respondia melhor a menos hormônios – você me disse que não arriscaria, mas aceitaria minha decisão (e deu certo!). Já chorei muito em consultórios. Já me revoltei com depoimentos que recebi aqui no Cadê e diagnósticos imprecisos de amigas. Já quis botar a boca no trombone quando amigas daqui do site me contaram que o médico disse, em tom condescendente, “você precisa se acalmar, futura mãezinha”.
Nesses últimos sete anos, doutor, nossa relação passou por altos e baixos. Aprendi que nunca faz mal ouvir uma segunda ou terceira opinião. Que só faz bem anotar o que acontece com meu corpo quando sigo determinado tratamento ou mesmo ao longo do ciclo menstrual. E, sim, querido médico, descobri que existem profissionais que fazem MUITA diferença nas nossas vidas. Às vezes é como encontrar um grande amor: a gente precisa procurar bastante e ouvir a intuição. Mas eles estão por aí, fazendo o bem, salvando vidas, amparando almas.
Hoje, dia do médico, foi hora de fazer esse balanço necessário do nosso relacionamento, doutor, e sinto que fiz as pazes contigo. Desde que fui diagnosticada e curada pelo dr. Ricardo de Oliveira (como contei aqui) até a fertilização bem sucedida com o dr. João Dias da clínica InVida, que me ouviu e respeitou minha decisão quando teimei com ele dizendo que, mesmo sendo má respondedora, queria o mínimo de hormônios possível, afinal, sabia que meu organismo responderia melhor assim. Para completar minha felicidade, não poderia ter encontrado uma obstetra melhor.
O caminho para chegar até a dra. Andrea Grieco foi bem incomum: primeiro descobri a clínica dela, a Chedid & Grieco, no mesmo prédio do hospital onde realizei um dos procedimentos do endométrio. Vi que era uma clínica de reprodução e entrevistei sua sócia, a dra Silvana, para este post sobre congelamento de óvulos. Comecei, então, a seguir ambas no Instagram. Até que, logo que tive meu positivo, vi um post da dra. Andrea narrando um parto na banheira, com música e todo o clima que sempre desejei para o meu parto.
O Instagram dela é incrível, cheio de narrativas de parto, onde, como ela mesma diz, “quem escolhe a hora é o bebê”. Minha intuição me disse para procurá-la e estamos com ela desde o primeiro ultrassom do Raul, quando ouvimos os batimentos do seu coração pela primeira vez. Parece que estamos cada vez mais em sintonia. Todas as consultas são uma alegria e saio do consultório muito segura, após tooodas as pacientes respostas à minha infinita lista de perguntas de mamãe de primeira viagem. Ela nos acolheu com graça, carinho e profissionalismo desde o comecinho. E agora que estou aguardando um dos dias mais importantes das nossas vidas – o parto está previsto para 29 de novembro, gente! – tenho certeza que é ela que quero ao meu lado, trazendo o meu bebê ao mundo.
PS: na foto estamos em uma gravação que já já vocês vão saber do que se trata 😉
Rosiane Costa rodrigues 18 de outubro de 2018
Conheci a Dr Andrea através do Instagram. Em todas as consultas foi muito bem tratada. Um diferencial enorme na vida de uma tentante. Continuo da luta mais dessa vez muito bem acompanhada.
Pri Portugal 1 de novembro de 2018
<3 boa sorte, Rosiane. Estou na torcida! Bjinho